SUPERPRODUÇÃO BRASILEIRA DE ‘O MÁGICO DE OZ’ ESTREIA EM JUNHO NO TEATRO JOÃO CAETANO
Charles Möeller e Claudio Botelho dirigem elenco de 35 atores e 16 músicos, incluindo Maria Clara Gueiros, Lucio Mauro Filho, Pierre Baitelli, Nicola Lama, Luiz Carlos Miéle e Malu Rodrigues como Dorothy
Depois de encenar ícones como ‘Hair’, ‘A Noviça Rebelde’, ‘Gypsy’ e ‘Um Violinista no Telhado’, Charles Möeller e Claudio Botelho terão o desafio de encarar aquele que talvez seja o mais celebrado musical de todos os tempos em seu 31º espetáculo. Escrito há mais de um século por L. Franz Baum, ‘O Mágico de Oz’ ganhou fama com o célebre longa-metragem estrelado por Judy Garland em 1939 e, de lá para cá, nunca esteve fora do centro da indústria mundial de entretenimento, em uma série de adaptações e também como referência para os mais variados criadores. A partir de 8 de junho, o palco do Teatro João Caetano receberá a versão autoral de Möeller & Botelho para o clássico. Com apresentação da Bradesco Seguros e patrocínio da Oi e CVC, a empreitada é considerada a produção mais grandiosa da Aventura Entretenimento.
A montagem é baseada na única adaptação autorizada para o teatro, feita pela Royal Shakespeare Company, seguindo praticamente todo o roteiro do filme, além de incluir toda a música incidental escrita para o cinema. Vencedor do Oscar de Melhor Trilha Sonora e Canção Original (‘Over the Rainbow’), o filme é reconstituído em todas as cenas na versão escrita por Jonh Kane para a RSC.
Como é de praxe, a dupla Möeller & Botelho tem total liberdade para adaptação da obra. Além de pensar em uma concepção mais adulta para o espetáculo, eles incluíram um número (‘Jitterbug’) cortado do longa, o Mágico (vivido por Miéle) ganhou uma canção inédita, com letra de Botelho sobre música de Harold Arlen, e toda a concepção visual e coreográfica é nova, fruto do trabalho em conjunto da direção com Rogério Falcão (cenários), Fause Haten (figurinos), Paulo Cesar Medeiros (iluminação) e Alonso Barros (coreografia).
A equipe artística – que tem a coordenação de Tina Salles – enfrentou o desafio de reler cenas que se tornaram lendárias no cinema, como o furacão que leva Dorothy a Oz, a aparição das Bruxas e o famoso vôo de balão com o personagem-título. ‘Esta é, sem dúvida, a nossa maior produção. O resultado desta montagem atesta a maioridade e a independência das produções nacionais no universo do teatro musical’, afirma Aniela Jordan, diretora da Aventura Entretenimento.
Para dar vida a figuras míticas – como o Espantalho, o Homem de Lata e o Leão Covarde – e uma história recheada de forte carga imagética, mais de 150 profissionais trabalham desde o início do ano na produção de 14 cenários diferentes, nas mais de 300 peças que compõem o figurino e na preparação de efeitos cênicos.
‘O Mágico de Oz’ faz parte do Circuito Cultural Bradesco Seguros, que apresenta para o público brasileiro um calendário diversificado de eventos artísticos com espetáculos nacionais e internacionais de grande sucesso, em diferentes áreas culturais como dança, música erudita, artes plásticas, teatro, concertos de música, exposições, etc.
‘Aplicar no segmento cultural conceitos de ativação de marcas, produtos e serviços tem sido gratificante. Nestes quase quatro anos construímos diversos ‘cases’ em conjunto com os nossos patrocinadores que confirmam a vocação do teatro como evento e ferramenta de marketing, não só para aproveitamento institucional como para venda de produtos e serviços’, afirma o empresário de mídia e entretenimento Luiz Calainho.
Um elenco sob medida
A curiosidade em torno das aventuras da menina Dorothy Gale já foi detectada com o anúncio das audições para o musical. A quantidade de inscritos ultrapassou os três mil e causou, em um único dia, a queda do site do projeto pelo volume de acessos.
Malu Rodrigues (Dorothy) foi escolhida para liderar um elenco de 35 atores e 16 músicos. Aos 18 anos, a atriz já pode ser considerada veterana em musicais e tem no currículo participações em ‘A Noviça Rebelde’, ‘7 – O Musical’, ‘O Despertar da Primavera’, ‘Beatles num Céu de Diamantes’ e ‘Um Violinista no Telhado’, todos com direção de Möeller & Botelho.
Ela dividirá o tablado com Lucio Mauro Filho, que faz sua estreia no gênero, Pierre Baitelli – também protagonista de ‘O Despertar da Primavera’ e indicado ao Prêmio Shell por ‘Hedwig’ – e Nicola Lama, elogiado pelo desempenho em ‘Um Violinista no Telhado’. Os três vão encarnar, respectivamente, o Leão Covarde, o Espantalho e o Homem de Lata, o trio de amigos que ajuda Dorothy a seguir pela estrada mais conhecida da história do cinema: a Estrada dos Tijolos Amarelos.
Depois de surpreender como uma das protagonistas de ‘As Bruxas de Eastwick’ no ano passado, Maria Clara Gueiros retorna ao teatro musical como a atrapalhada Bruxa Má do Oeste, enquanto Bruna Guerin – revelação em Hair como a mãe do protagonista Claude – será Glinda, a Bruxa Boa. André Falcão (‘Cristal Bacharach’) dá vida ao Tio Henry e o múltiplo Luiz Carlos Miéle é o Mágico, personagem que comanda indiretamente toda a saga de Dorothy. Pela primeira vez, Möeller & Botelho terão um animal em cena. Quatro cães vão se alternar no ‘papel’ de Totó, o cachorro que, de tão famoso, originou o apelido para cachorros de todo o mundo.
Fantasia, aventura e efeitos
A aventura fantástica dá o tom de toda a encenação, dirigida por Möeller, que, entre outras referências, pinçou elementos do cinema de Tim Burton e Fritz Lang (1890 – 1976). Assim como no filme original, a montagem terá uma clara diferença visual entre a primeira e a segunda parte, ou seja, entre a pacata vida de Dorothy no Kansas e sua intensa aventura por Oz. Se na primeira etapa tudo vai parecer com menos cor (o filme era em sépia), a segunda representa uma virada estética, que poderá ser vista nos cenários de Rogério Falcão e nos figurinos, a cargo de Fause Haten.
Acostumado a criar grandiosas cenografias (‘Um Violinista no Telhado’, ‘Gypsy’, ‘7 – O Musical’), Falcão projetou 14 cenários que servirão de palco também para um desfile de efeitos especiais, como explosões, projeções, voos, fogos e fumaça, usados especialmente na cena do tornado. O iluminador Paulo Cesar Medeiros e o engenheiro de som Marcelo Claret também trabalharam em conjunto para que os efeitos se integrassem à cena.
Com larga experiência no mundo da moda e apaixonado por teatro musical, o estilista Fause Haten aceitou na hora o convite da dupla para desenhar os figurinos. Entre seus desafios, esteve a recriação dos conhecidíssimos sapatos vermelhos de Dorothy, objeto de desejo da Bruxa Má. Ele e equipe colaram manualmente centenas de cristais svarovski sobre a peça. A armadura do Homem de Lata e a roupa da Bruxa – desta vez, toda feita de ataduras pretas – são outros pontos altos do trabalho. Junto com Fause, o visagista Beto Carramanhos (‘7 – O Musical’, ‘Judy Garland – O Fim do Arco-Íris’, ‘Gyspsy’, entre muitos outros) deu o toque final nas composições.
Uma história sem fim
Ao lançar ‘O Maravilhoso Mágico de Oz’ em 1900, L. Franz Baum (1856-1919) costumava citar suas principais referências literárias: os Irmãos Grimm, Hans Christian Andersen e Lewis Caroll. Na época, sua ideia era ‘atualizar’ os contos de fada e contar histórias mais dinâmicas e modernas, que pudessem interessar crianças e jovens da época.
‘Chegou a hora de novos ‘contos maravilhosos’, nos quais os personagens do gênio, fada e do anão estereotipado sejam eliminados, junto com todo aquele derramamento de sangue criado por seus autores para demonstrar uma terrível moral em cada história (…) A história de O Mágico de Oz foi escrita puramente para agradar as crianças de hoje. Essa história aspira ser um conto de fadas moderno, no qual o deslumbramento e a alegria são assegurados, e o sofrimento e os pesadelos são deixados de fora’, escreveu na época.
Ele escreveu outros quatorze livros sobre Oz e seus personagens e viu suas histórias renderem uma série de derivações. Antes mesmo do célebre longa da MGM, outras oito versões foram filmadas. Não demorou para que surgissem teorias e estudos sobre os significados ocultos da saga de Dorothy, algumas sublinhando o aspecto teosófico da obra – religião na qual Baum era iniciado – ou mesmo detectando críticas políticas e sociais no enredo.
No último século, cineastas, músicos, diretores e estudiosos continuaram se debruçando sobre ‘O Mágico de Oz’. Referências estiveram presentes no trabalho de artistas tão diferentes como Elton John, David Lynch, Pink Floyd (o álbum ‘The Dark Side of the Moon’ pode ser tocado em sincronia com o filme) e o seriado ‘Os Simpsons’. Em março de 2013, chega aos cinemas ‘Oz: The Great and Powerful’, que contará a história da chegada do Mágico a Oz. Dirigido por Sam Raimi, o longa terá James Franco, Michelle Williams, Rachel Weisz e Mila Kunis no elenco.
Sinopse resumida: Dorothy Gale (Malu Rodrigues) tem uma vida pacata com seus tios Henry (André Falcão) e Em (Bruna Guerin) em uma fazenda no Kansas. Após um tornado, ela – acompanhada de seu cachorro Totó – vai parar em Oz, onde conhece o Espantalho (Pierre Baitelli), o Homem de Lata (Nicola Lama) e o Leão Covarde (Lucio Mauro Filho). Juntos, os três seguem a Estrada de Tijolos Amarelos em busca do Mágico de Oz (Luiz Carlos Miéle) e enfrentam as vilanias da Bruxa Má (Maria Clara Gueiros).